sexta-feira, 20 de maio de 2011


Grandes Catástrofes (continuação)


A tromba d’água em Loivos
A trinta de Maio de 1955 uma indescritível queda de água na área de Loivos haveria de ter consequências nefastas não só para a população daquela grande aldeia como também para as povoações que lhe ficavam a juzante, entre as quais se encontrava Vidago. Não consta que houvesse desastres pessoais em consequência desta calamidade natural. 
Entretanto foram contabilizados avultadíssimos prejuízos para todos quantos faziam a sua vida nas margens do rio Oura. Nalguns espaços do seu habitual percurso, o rio mudou inclusive de leito, tal era a força impetuosa das suas águas. A estrada que liga Loivos a Vidago ficou de tal forma obstruída que ficaria intransitável durante alguns dias.
A corrente, volumosa e louca, daquele que até ali era um pequeno e manso rio trazia consigo muitos animais domésticos e incontáveis haveres das populações ribeirinhas. Conta-se que, em Vila Verde, o moleiro Manuel Ferreira terá subido para uma árvore, ali aguardando que o caudal permitisse o seu regresso ao lar. Pedras de moinho e represas não aguentaram a impetuosidade das águas e foram arrastadas pela desordenada corrente.
A fome e a miséria fizeram sentir-se principalmente em Loivos. Esta aldeia, a mais sacrificada das povoações afectadas pela grande cheia, foi durante algum tempo assistida em alimentação pela Câmara Municipal de Chaves e ainda pelo quartel militar flaviense.

Nesse mesmo ano e em Junho, os lavradores haviam feito as sementeiras possíveis para aquela época. Mas eis que uma nova cheia, ainda que de menores proporções que a de Maio, acabaria com o resto daquele ano agrícola. Durante dois anos quase toda a região das margens da Ribeira de Oura e que vivia do amanho agrícola ficou numa situação de grande pobreza. Principalmente da memória dos residentes das aldeias vizinhas de Loivos e Vila Verde, a catástrofe de 1955, dificilmente se apagará.

in Memórias de Vidago - 2004
Floripo Salvador

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Julio,

Acompanho o seu blog à algum tempo mas esta é a primeira mensagem que deixo e quero antes de mais felicita-lo por este magnifico trabalho. A minha mãe é da aldeia vizinha de Loivos e portanto já ouvi falar desse grande temporal de 1955. Segundo sei essa grande "trovoada", assim é designada pela minha mãe, ocorreu no dia da festa de Nª Sª da Saude em S. Pedro de Agostem. A minha mãe que na altura tinha 14 anos, lembra-se que quando regressavam da festa não puderam vir pelo caminho do costume, pelo Seixo, mas sim pelos montes a poente de Loivos, conhecidos pela "Penada" porque era impossivel atravessar o rio Oura. Ainda segundo testemunho da minha mãe o cenário era dantesco, houve uma altura em que ela e os que a acompanhavam pensaram que Loivos tivesse desaparecido do mapa e que toda a população que tinha ficado na aldeia estaria morta. Felizmente sabemos que não hove vitimas.

Obrigado por este excelente blog e um grande abraço,

José Carlos Gomes