sábado, 18 de junho de 2011


Os serviços públicos de autocarros – as carreiras

Em meados do século anterior duas empresas de transportes colectivos serviram com regularidade as pessoas desta região. Falo-vos da Auto Viação do Tâmega e também Viação Auto-Motora de Braga.

No Largo Miguel de Carvalho, junto à loja do Jaime, tinham uma das suas paragens. Passageiros e encomendas entravam e saíam dos autocarros, numa azáfama diária, aproveitando ao máximo os breves minutos de escala na localidade.

A Auto Viação do Tâmega tinha sede na cidade de Chaves e foi durante muitos anos propriedade dos empresários Teodoro e Virgílio, naturais de Chaves e de Vila Pouca de Aguiar, respectivamente. A população de Vidago era, em meados do século passado, servida pelos transportes desta empresa, essencialmente no trajecto entre Chaves e Régua. Autocarros, mais ou menos modernos para a época, tinham as cores vermelho e amarelo torrado. Com preços um pouco mais elevados que os praticados pelo caminho de ferro, a empresa conseguia, ainda assim, um serviço de transporte bastante mais rápido e confortável. Admite-se que estes factores possam ter implicado a perda de competitividade do caminho de ferro no transporte de passageiros, tendo mesmo abreviado o desaparecimento do comboio, nesta região. Logo que o caminho de ferro deixou de servir esta zona, a empresa iniciou as ligações diárias directas ou quase directas, entre Chaves e o Porto.

A Viação Auto-Motora de Braga, propriedade de António de Magalhães e sediada em Braga, explorava uma carreira que ligava Chaves, a Boticas e Campos. Esta linha pretendia, essencialmente, servir um trajecto que ficava à margem dos serviços prestados pelo comboio. Assim, o seu itinerário compreendia a ligação de Chaves a Campos, no concelho de Boticas, nos dois sentidos. O Peto de Lagarelhos, Seixo, Loivos, Vila Verde, Vidago, Pinho e Boticas eram algumas das localidades intermédias diariamente servidas pela Viação Auto-Motora. Recordo-me bem dos velhos e quase obsoletos autocarros cinzentos que serpenteavam as curvas apertadas e sinuosas do Ranha , a caminho de Boticas, numa viagem de grande desconforto e de tempo infindável. Após a nacionalização da empresa e a sua integração na Rodoviária Nacional, os serviços prestados por estes autocarros deixaram de acontecer por estas bandas.

Nos tempos que correm, tudo é bem diferente! Uma boa parte das pessoas utiliza o seu próprio meio de transporte. Os que necessitam de recorrer aos transportes colectivos fazem-no com grande comodidade e rapidez. Uma vasta rede de luxuosos autocarros une diariamente a região às principais cidades do país, tornando consideravelmente mais curta a distância relativa que separa Vidago do seu exterior.

in Memórias de Vidago - 2004
Floripo Salvador

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