terça-feira, 15 de outubro de 2019

Álvaro de Campos | Poema

Saí do comboio,

Saí do comboio,
Disse adeus ao companheiro de viagem
Tínhamos estado dezoito horas juntos..
A conversa agradável
A fraternidade da viagem.
Tive pena de sair do comboio, de o deixar.
Amigo casual cujo nome nunca soube.
Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
Toda despedida é uma morte...
Sim toda despedida é uma morte.
Nós no comboio a que chamamos a vida
Somos todos casuais uns para os outros,
E temos todos pena quando por fim desembarcamos.

Tudo que é humano me comove porque sou homem.
Tudo me comove porque tenho,
Não uma semelhança com ideias ou doutrinas,
Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.

A criada que saiu com pena
A chorar de saudade
Da casa onde a não tratavam muito bem...
Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.

4-7-1934
Álvaro de Campos


(fotografia extraída de negativo de 35mm | estação de Vidago | 1977)




Um abraço e até breve...

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Vidago Palace Hotel | Foto Alvão

De volta ao nosso ex-libris, o Vidago Palace Hotel (agora Vidago Palace), com duas fotografias da antiga Foto Alvão (Porto).




Recordando a antiga piscina





Um abraço e até breve...