Enquanto o Verão não chega...
(Cartaz da antiga gráfica Bolhão-Porto) |
Hoje, em Vidago, começaram os trabalhos de requalificação da Ribeira de Oura. Estes trabalhos visam a limpeza de ambas as margens entre a ponte que dá acesso à Fonte Campilho e a ponte sob a Estrada Nacional 2.
Em outros tempos, o rio Oura era ponto de encontro de crianças para brincadeiras e ao mesmo tempo onde se refrescavam, tal como esta imagem nos retrata.
(Fotografia da Foto Vasques - Lisboa | Agosto de 1910) |
O antigo Café Anabelle, como outros espalhados pelo país, foi, nos anos 80 do século passado, ao mesmo tempo lugar de estudo e de encontro, ponto de paragem obrigatório para grupos de jovens que dali partiam para discotecas, sessões de cinema e jogos de futebol.
Lembro-me muito bem do seu interior, onde predominava a madeira envernizada, o seu balcão em forma de L, e claro a sua esplanada que no verão estava sempre repleta de juventude! Tenho a certeza que muitos de vocês terão muitas histórias para contar sobre este mítico café.
(fotografia cedida por Tiago Borges) |
(fotografia cedida por Tiago Borges) |
Neste momento, no lugar do antigo Café Anabelle, está em funcionamento a Churrasqueira A Camponesa.
Um abraço e até breve...
Vidago recebe no Sábado a 9ª etapa / Boticas - Mondim de Basto (Sra. da Graça) da 82ª Volta a Portugal em bicicleta. É nos dias de hoje um dos eventos desportivos mais mediáticos do país, agregando ao seu redor milhares de populares que todos os anos encham as estradas nacionais. Um cenário que se vislumbra desde 1927, o ano em que tudo começou, o ano em que nasceu oficialmente a Volta a Portugal em Bicicleta.
Segundo o livro "A História do Ciclismo Português" de Gil Moreira, a 1ª Volta a Portugal, disputada entre 26 de Abril e 15 de Maio, passou pela vila e Vidago. Pela frente tinham 1958,5 quilómetros divididos por 18 etapas, com apenas dois dias de descanso já perto do final da prova, em Vidago e nas Caldas da Rainha. O grande vencedor foi o ciclista do Carcavelos, António Augusto Carvalho, contabilizando um tempo total de 79.08,00 horas, à média de 24,2 km/hora.
Na 6ª edição da Volta, em 1935, Vidago voltaria a receber os ciclistas, conforme esta fotografia de arquivo do CPF-Centro Português de Fotografia. Esta passagem por Vidago, no dia 3 de Setembro, seria a 9ª etapa entre Pedras Salgadas e Guimarães, no total de 160,50 quilómetros. Esta 6ª edição seria ganha por César Luís da equipa "Leões Alentejanos".
(Ciclistas passando em frente ao Grande Hotel de Vidago | CPF) |
Estas 4 imagens, que hoje publico, são do antigo e primeiro estabelecimento termal de Vidago. São imagens do seu exterior e parte do seu interior, que datam de 1898.
(ao fundo o Grande Hotel de Vidago, a esquerda o reservatório para banhos) |
20 de Março de 1910, chegava a Vidago o comboio a vapor.
O novo meio de transporte, cada vez com mais adeptos, não só aproximava o campo das cidades como fomentava, mesmo que timidamente, um mercado nacional, enquanto se democratizava um pouco o lazer e o turismo permitindo um acesso crescente das famílias às praias e às termas.
«A máquina a vapor é um domdo céu, um instrumento de progresso legítimo (...)Leva o agasalho e o conforto, a limpeza, a saúde,às choupanas do povo, onde, sem ela, só habitariapor séculos a miséria extrema»Alexandre Herculano
«Sou tão entusiasta pelos caminhosde ferro que, se fosse possível,obrigaria todo o País a viajar decomboio durante seis meses»Fontes Pereira de Melo
Lindolfo Dinis Baralho de seu nome completo, apenas era conhecido por Adolfo ou simplesmente Dolfo, ou ainda Pica-Pau e Adolfo dos Bois. Nasceu em Vilarinho das Paranheiras, aqui bem perto de Vidago. Seu pai chamou-se João Baralho e o Adolfo teve ainda mais dois irmãos – O Modesto e o Rosinha. Os três filhos de João Baralho nasceram com acentuada deficiência mental a que não será estranha, ao que consta, estreita consanguinidade dos seus progenitores.
(Adolfo e os bois na rua Gen. Sousa Machado) |
Quando tinha vinte e tal anos, Adolfo veio para Vidago. João Custódio possuía uma propriedade em frente ao antigo tanque na Estrada Nacional Nº.2, perto do entroncamento para Boticas, designada por Brinhosa. De modo informal, João Custódio convidou o Adolfo a ir trabalhar para casa da sua família. Nessa altura, os sete filhos de Domingos Ferreira e Generosa, eram todos solteiros. No seio desta família, o Adolfo haveria de ficar para sempre. Assistiu ao casamento de Alice Ferreira e partilhou a criação dos seus cinco filhos com um amor e dedicação muito fortes.
As suas acentuadas limitações mentais, contrastavam com o sua pujança física. Muito desajeitado no amanho agrícola, víamo-lo feliz naquilo que talvez melhor sabia executar: de aguilhada na mão guiando os carros puxados pelos possantes e pachorrentos bois dos Custódios, estrada fora, a caminho dos campos.
Provavelmente, guiou os últimos carros de bois que se ouviram chiar em Vidago! Releve-se uma atitude muito peculiar do comportamento do humilde Adolfo: frequentemente, regressava do campo, carregando pesado molho de milho ou de qualquer outro alimento para os animais, a fim de estes serem pensados de noite. Num qualquer ponto da vila, parava, indiferente à carga que o fustigava. Se alguém lhe perguntava das razões de estar ali especado, o Adolfo, invariavelmente, respondia: estou a descansar!
in Memórias de Vidago de Floripo Salvador | 2004
Adolfo nasceu em Vilarinho das Paranheiras a 4 de Maio de 1918 e faleceu em Vidago, a 15 de Setembro de 1991, com 73 anos. O seu corpo encontra-se sepultado no cemitério de Vidago.
Um abraço e até breve.
A ponte sobre o rio Tâmega, inaugurada em 1885, faz parte da estrada nacional nº 311 que liga Vidago a Boticas.
Em 1893 o percurso entre Vidago e este recanto era percorrido de carruagem, em 20 minutos, e o preço era de 1.200 réis, ida e volta. Nesta altura, a ponte fazia parte da projectada estrada para Boticas, cuja construção terminava pouco depois dela.
(imagem de 1898) |
Vidago possui um coreto que, infelizmente, não é usado. Hoje, está localizado no parque do Vidago Palace mas antes de ser "levado" para o parque, o mesmo estava situado no início da Rua Alves Teixeira. Não sei o porquê desta mudança, se houve um acordo entre a antiga empresa das Águas de Vidago e o povo vidaguense, ou simplesmente a empresa apoderou-se dele. Só sei que essa transferência não foi bem aceite pela população vidaguense, por restringir o seu acesso.
(Rua Alves Teixeira | imagem de 1898) |
(Parque do Vidago Palace | fotografia de M. Teresa de Lacerda | 2016) |
Um abraço e até breve.
Hoje, publico algumas imagens do antigo processo de engarrafamento manual das Águas de Vidago. Segundo o Dr. Alfredo Luíz Lopes, em 1893, o caudal da nascente era invariável e mais que bastante para o engarrafamento de 500.000 garrafas por ano, e para o largo uso medicinal junto ao local de emergência. Este engarrafamento, feito pelos cuidadosos processos e aperfeiçoados aparelhos que garantiam a completa pureza das águas, era constantemente executado desde o nascer do sol até à meia noite por turnos de quatro mulheres, engarrafadeiras e rotuladeiras, e de três homens, lavador, encaixotador e fiscal. Em ocasiões de grandes e urgentes encomendas era necessário laboral toda a noite.
(fotografia de F. J. Soares) |
(Casa de lavagem nas novas oficinas) |
(Imagem de 1893) |
(Enchimento na Fonte nº 2) |
Construído em 1916, o antigo Balneário Termal de Vidago, e ostentava uma fachada em torre ladeada por duas alas. O hall de entrada possuía 4 colunas em gesso. Os espaços eram decorados com esplendor, os estuques pintados a óleo, os lambrins eram em azulejo e os das salas de tratamento era em madeira almofadada.
Da estrutura do balneário fazia parte a farmácia, uma sala de mecanoterapia e, como vem descrito nos autos de inspecção de 1923, “24 quartos para banhos de imersão, 2 salas para duches, 1 sala para serviços de irrigações e uma outra para massagem, sendo todos estes compartimentos, estabelecidos em duas alas perfeitamente iguais e simétricas destinadas à divisão dos dois sexos”.
Este, foi transformado em 2001, num espaço de conferências, destruindo por completo a essência da sua construção.
(fachada do estabelecimento Termal | foto "Casa Alvão") |
|
(Equipamento para banhos de luz e calor | foto "Casa Alvão") |
|
(Sala de electroterapia | foto "Casa Alvão") |
(fabricado por "Reclamos Gráfica Manén - Barcelona) |
A 13 de Janeiro a Livraria Lello celebra 115 anos de sonhos e concretizações. E para presenteá-la, este blog, publica um bilhete postal enviado de Vidago, em 18 de Junho de 1897, para o Sr. José Pinto Sousa Lello, proprietário da Livraria Chardron, futura Livraria Lello.
(Bilhete postal assinado pelo Dr. José Correia Pacheco) |