sábado, 17 de março de 2012

Os Plumas - a cores

Para matar as saudades dos bailes aos Sábados à noite, que até chegaram a dar em casamentos, feitos por amantes da música como "Os Plumas" de Vidago, tenho mais uma fotografia em homenagem a estes 4 homens que, durante alguns anos, cantaram e animaram muitas festas por terras transmontanas.



Gosto do logo na bateria, ao estilo "The Beatles". Para quem não sabe, esta rapaziada carregava todos os instrumentos e equipamento numa carrinha Opel, e lá iam eles por essas estradas fora!

Estão todos convidados para, hoje à noite, dançar um "Slow", numa sala perto de si!

Um abraço e até breve...

sábado, 10 de março de 2012

Vidago - a cores

Apesar deste fim de semana não estar em Vidago, imagino estar um Sábado cheio de sol, uma temperatura amena e um cheirinho à primavera, factores ideais para passearmos pelas ruas e avenidas de Vidago!

Para aqueles que estão, como eu, distante do Vidago e que queiram matar saudades, aqui fica um bilhete postal actual e a cores!


(Bilhete postal da edição Drogaria Santos - Vidago - 2010)


E como já estamos em Março, vamos ao provérbios dos nossos avós.
  • Bodas em Março é ser madraço.
  • Em Março, esperam-se as rocas e sacham-se as hortas.
  • Em Março, tanto durmo como faço.
  • Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir.
  • Março duvidoso, S. João farinhoso.
  • Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.
  • Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um maço.
  • Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
  • Poda-me em Janeiro, empa-me em Março e verás o que te faço.
  • Podar em Março é ser madraço.
  • Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
  • Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.
  • Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.
  • Quem em Março come sardinha, em Agosto lhe pica a espinha.
  • Quem poda em Março, vindima no regaço.
  • Temporã é a castanha que por Março arrebenta.
Bem, e como hoje está um dia um pouco ventoso, Abril será chuvoso...espero bem que sim!
 
Um abraço e até breve...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher".

Em Vidago também existiu um grupo de operárias, as "engarrafadeiras" que ao longo de várias décadas, trabalharam muitas horas por dia a encher manualmente garrafas das famosas fontes de Vidago.

A elas e a todas as mulheres do mundo, em especial a todas as vidaguenses, os meus parabéns por esta e futuras conquistas.


Um abraço e até breve...

sábado, 3 de março de 2012


O Adolfo “Pica-Pau”

Lindolfo Dinis Baralho de seu nome completo, apenas era conhecido por Adolfo ou simplesmente Dolfo, ou ainda Pica-Pau e Adolfo dos Bois. Nasceu em Vilarinho das Paranheiras, aqui bem perto de Vidago. Seu pai chamou-se João Baralho e o Adolfo teve ainda mais dois irmãos – O Modesto e o Rosinha. Os três filhos de João Baralho nasceram com  acentuada deficiência mental a que não será estranha, ao que consta, estreita consanguinidade dos seus progenitores.

Quando tinha vinte e tal anos,  Adolfo veio para Vidago. João Custódio possuía uma propriedade em frente ao antigo tanque na Estrada Nacional Nº.2, perto do entroncamento para Boticas,designada por Brinhosa. De modo informal, João Custódio convidou o Adolfo a ir trabalhar para casa da sua família. Nessa altura, os sete filhos de Domingos Ferreira e Generosa, eram todos solteiros. No seio desta família, o Adolfo haveria de ficar para sempre. Assistiu ao casamento de Alice Ferreira e partilhou a criação dos seus cinco filhos com um amor e dedicação muito fortes.
As suas acentuadas limitações mentais, contrastavam com o sua pujança física. Muito desajeitado no amanho agrícola, víamo-lo feliz naquilo que talvez melhor sabia executar: de aguilhada na mão guiando os carros puxados pelos possantes e pachorrentos bois dos Custódios, estrada fora, a caminho dos campos.

Provavelmente, guiou os últimos carros de bois que se ouviram chiar em Vidago! Releve-se uma atitude muito peculiar do comportamento do humilde Adolfo:  frequentemente, regressava do campo, carregando pesado molho de milho ou de qualquer outro alimento para os animais, a fim de estes serem pensados de noite. Num qualquer ponto da vila, parava, indiferente à carga que o fustigava. Se alguém lhe perguntava das razões de estar ali especado, o Adolfo, invariavelmente, respondia: estou a descansar!

O Adolfo alimentava-se, ao que consta, abundantemente. Sentia, o prazer do cigarrito que fumava e no copito que bebia de um só trago, o auge da sua felicidade terrena. Pessoalmente guardo do Dolfo, uma recordação que jamais se varrerá da minha memória: estávamos em Outubro de 1989 e nos últimos dias da sua vida, o meu pai estava melancolicamente sentado numa cadeira no cimo das escadas, já indiferente a quem passava à sua porta, ainda que fosse interpelado. Mas eis que na estrada parou o Adolfo, olhando para cima e proferindo a habitual provocação:
Oh Zaneiro, atão, o cegarro, o copo, malandro, tás a dormir!… Foi então, que num grande esforço, o meu pai esboçou um sorriso, balbuciou o seu nome, levantou um braço e acenou ao amigo! Era o último trocadilho afectuoso entre ambos! Daí a uns dias, o Adolfo, na sua pose fisicamente desconjuntada e simples, incorporava o numeroso cortejo fúnebre do seu amigo Zaneiro.

Mais tarde, se encontrava alguém da família do Zaneiro, perguntava sempre: O amigo? O amigo? Coitadinho!… Coitadinho!…

in Memórias de Vidago - 2004
Floripo Salvador