domingo, 2 de outubro de 2022

Antigo Presidente da República Óscar Carmona pela Praia de Vidago | Set 1929

Dois registos fotográficos da passagem do antigo Presidente da República Óscar Carmona pela Praia de Vidago, no ano de 1929.







António Óscar de Fragoso Carmona nasceu em Lisboa, a 24 de novembro de 1869, o segundo dos cinco filhos de Maria Inês Côrte-Real de Melo Fragoso (1842-1906), natural de Montemor-o-Novo, e de Inácio Maria Machado de Morais Carmona (1829-1903), natural de Chaves. Foi nesta cidade que passou parte da infância e completou o ensino primário. Filho e neto de generais do Exército, seguiu a tradição militar, ingressando no Colégio Militar, em 1882. Frequentou, depois, durante dois anos, a Escola Politécnica de Lisboa, e em 1890 entrou para a Escola do Exército, optando pela Cavalaria.


Terminado o Curso de Cavalaria, foi colocado na Escola Prática de Equitação, em Vila Viçosa.  Em 1894, já alferes, foi destacado para o Regimento de Cavalaria nº 6, em Chaves, e em 1907 fez o tirocínio para a promoção ao posto de capitão, ficando colocado na Escola Prática de Cavalaria, em Torres Novas. Aderiu à Maçonaria em Chaves, antes da implantação da República, sem progredir além do grau de aprendiz, acabando por abandonar a organização, em data incerta. Em outubro de 1910, cinco dias após a implantação da República, foi nomeado vogal da Comissão de Reorganização do Exército, e em 1913 assumiu funções como instrutor da Escola Central de Oficiais, em Mafra.

Em 1914, casou-se, em Lisboa, com Maria do Carmo Ferreira da Silva (1878-1956), natural de Chaves, formalizando uma união e relação conjugal que durava há vários anos e da qual haviam já nascido os três filhos do casal: Cesaltina (1897-1985); António (1900-1994) e Maria Inês (1903-2002). Naquela época, estava longe de ser uma situação habitual, nomeadamente em famílias tradicionais e conservadoras como a de Óscar Carmona.

A carreira militar de Óscar Carmona prosseguiu sem percalços: tenente, em 1899; capitão, em 1907; tenente-coronel, em 1916; coronel, em 1919; general, em 1922, e marechal, em 1947.

Ainda que tenha defendido o ideal republicano desde cedo, Óscar Carmona cultivou, durante a I República, a imagem de alguém que estava acima da política, atitude que acabaria por facilitar o seu relacionamento e contactos com as diferentes fações políticas e militares desavindas. A sua primeira posição política de relevo foi como secretário do ministro da Guerra no Governo de Pimenta de Castro, em 1915, tendo sido preso na sequência da queda do governo, embora por pouco tempo. No ano seguinte, assumiu o comando do Regimento de Cavalaria n.º 2, em Lisboa, com a patente de tenente-coronel.

O apoio a Sidónio Pais valeu-lhe a nomeação para comandante da Escola Prática de Cavalaria, em Torres Novas (1918-1922). A promoção a general e a chefia da 4.ª Divisão Militar, em Évora, em 1922, abriram caminho para que se tornasse um nome consensual e uma peça-chave na transição da Ditadura Militar para o Estado Novo.

Ministro da Guerra no Governo de António Ginestal Machado, em 1923, um governo de direita republicana, Carmona foi presidente do 2.º Tribunal Militar Territorial, em 1924, e promotor de Justiça nos julgamentos dos militares implicados na revolta de 18 de abril de 1925, que muitos consideram o «ensaio geral» do 28 de Maio de 1926. Ficou célebre a frase que proferiu em tribunal: «A Pátria doente manda acusar e julgar neste tribunal os seus filhos mais diletos!» que invertia os papéis e colocava no banco dos réus o regime republicano. A sua atitude custar-lhe-ia a chefia da 4.ª Divisão Militar, recuperando o comando dias depois, no decurso do golpe militar do 28 de Maio de 1926.

Abordado inicialmente por José Mendes Cabeçadas Júnior para integrar o movimento militar de 28 de Maio, Carmona não aderiu de imediato, aguardando pelo sinal do grupo de João Sinel de Cordes, que apenas viria no dia 30. Tornou-se, ao lado de Mendes Cabeçadas e de Manuel Gomes da Costa, um dos elementos do triunvirato que saiu vitorioso da revolta.

Antes de exercer as funções de Chefe do Estado, assumiu, durante o mês de junho, a pasta dos Negócios Estrangeiros, tendo como principal missão assegurar o reconhecimento internacional da Ditadura Militar, no Governo liderado por Gomes da Costa. Derrubado este, assumiu, a 9 de julho, a pasta da Guerra e a presidência do Ministério.

Fonte in Museu da Presidência da República





Um abraço e até breve...