Hoje 20 de Dezembro completam-se 59 anos após o fatídico acidente rodoviário na ponte de Oura que vitimou sete pessoas, quatro das quais, naturais de Vidago.
Devido a pesquisas levadas a efeito por João Rodrigues da Silva e Júlio Silva, conseguiram encontrar a edição do dia 21 e 22 de Dezembro de 1964, do Jornal de Notícias, com novas imagens e factos sobre este acidente.
Comecemos pela capa do dia 21 de Dezembro:
Agora a edição de 22 de Dezembro, onde o Jornal de Notícias enviou ao local o seu jornalista José Manuel Silva.
Texto integral da página 1 e 8 do Jornal
Triste, tristíssimo o Natal que este ano vai ter Vidago!
A tragédia do autocarro ocorrida a escassos quatro dias da noite mais bela do ano feriu profundamente ou enlutou, grande número de famílias da conhecida localidade. Ou melhor ainda, pode dizer-se que atingiu, a população de Vidago, irmandade na mesma dor solidária, no saber que as vítimas do desastre, eram seus vizinhos e amigos – que todos o são numa terra, que, embora bem conhecida, está longe de ser grande. Ontem na linda estância termal, o ambiente era de uma solenidade, dramática. Os homens, com a samarra pelas costas, para se resguardar do frio, a beata pendente no canto dos lábios, olhavam com ar vago e triste os campos cobertos de geada, e as mulheres cirandavam de um lado para outro….
Tudo começou, com a deslocação a Vila Pouca, no Domingo, 20/12/1964, para assistirem ao jogo entre a equipa local e o Vidago, com todos esperançados, num bom resultado da sua equipa.
Guiado pelo senhor Germano Carvalho Baptista, de 32 anos, natural de Vila Verde da Raia, o pesado autocarro, matrícula CI- 85 – 37, chegou a Vila Pouca, sem novidade.
Dia bonito, ainda que frio, o calor do entusiasmo tudo superou e aquelas horas, foram sem dúvida, de festa alegre e colorida! Depois foi o jogo em que todos vibraram intensamente e ainda não satisfeitos com o resultado, (o clube de Vidago perdeu) não se pode dizer que o regresso tivesse começado sobre o signo da tristeza. Aquele insucesso ou melhor a lembrança do insucesso futebolístico, foi desaparecendo e deitado para trás das costas as preocupações desportivas. Em breve se restabelecia, a boa disposição inicial. Não podiam prever – ninguém podia prever que o desastre os esperava, no caminho de regresso, para a alguns deles, arrancar a vida e a outros, atirar para o hospital com ferimentos graves!
(JN/José Manuel Silva)
(jornalista José Manuel Silva com Albano Salgado, prestando depoimento) |
Fotografias de alguns sinistrados
(Autocarro fotografado, poucas horas depois de ter sido retirado da linha férrea) |