..."No dia de Reis, cá pela vila, assim como por outras terras da região, é costume antigo, juntarem-se ranchos e à noite visitarem as famílias mais gradas. Nas pequenas quadras cantadas, fazem-se alusões directas ao vinho, `a doirada geropiga, ao apetitoso fumeiro e às cambadas de uvas e maçãs, penduradas nos tectos grecidos, da maior parte das salas.
De noite pelo escuro
De certo quer saber
Se o vinho é maduro.
No nosso tempo, como eram lindos os nossos cantares acompanhados com orquestra, de que fazíamos parte e como nós éramos recebidos em todas as casas!...Começávamos pela casa Oliveira, no Olmo. Subíamos quase imperceptivelmente a escada da rua e no patamar de pedra, com a maior distração, ali resolvíamos quais as quadras a cantar. Formávamos um pequeno círculo, com os rostos um pouco afactados e as mais das vezes agasalhados pelos chailes de algumas companheiras preferidas. Mas tudo vai longe. Ultimamente em manhãs frigidíssimas e chuvosas, o rapazio começa a percorrer as principais casas, a pedir os "reis" ou as "janeiras" como se diz noutras terras.
Não é pelo prazer de cantar, mas sim com mira no que por virtude da sua graça, possam receber das donas de casa, por isso se ouvem quadras como esta:
Que são uns lindos querubins
Vivam todos em geral
E que todos tenham bons fins.
(Ilustração de Cruz Caldas | Empresa do Bolhão - Porto) |
Votos de um excelente Dia de Reis para todos os que mantêm as tradições e insistem em divulgá-las às novas gerações para que as memórias não morram.
Um abraço e até breve...
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