sexta-feira, 11 de março de 2011

Relatório das Águas Minerais de Vidago - 1865

Decorria o ano de 1865 quando foi publicado o primeiro relatório das análises químicas das águas minerais do concelho de Chaves, Vidago e Vilarelho da Raia. Estas análises foram feitas pelo professor da Escola Politécnica de Lisboa,  Dr. Agostinho Vicente Lourenço, e  foram publicadas no Diário de Lisboa de 22 de Maio de 1865.


Este folheto foi mandado reimprimir, no mesmo ano, pela Câmara Municipal de Chaves na tipografia do Jornal do Porto, na rua Ferreira Borges, 31 - Porto.

Nas primeiras páginas deste relatório podemos ler um extracto da sessão da Câmara de Chaves de 14 de Julho de 1965, que passo a transcrever.

   As aguas de Vidago, d´este Concelho, foram descobertas casualmente por D. Julia Vaz d´Araujo,  do mesmo logar, que as indicou ao Dr. Domingos Vieira Ribeiro, d´esta Villa de Chaves, author do bem elaborado additamento ao relatório d´analyse.
   O mesmo Dr. Ribeiro achou aquellas aguas tão carregadas de saes, que disse ao seu irmão Bernardo José Vieira Ribeiro, secretario da Camara, lembrasse em sessão, que seria bom mandal-as analysar, o que a Camara fez, pedindo esse obsequio ao visconde de Villa-Maior, na ocasião que este estava em Moncorvo, terra da sua naturalidade, ao que elle se promptificou, lembrando ao presidente da Camara, que n´esse tempo servia, Augusto Cesar de Moraes Campilho, que seria bom mandar doze garrafas cheias d´agua para Lisboa ao laboratório da Escola Polytechinica, com alguns especimens da rocha, terra, e residuos, etc., o que se levou a effeito em 1863, sendo o relatorio o resultado d´essa analyse.
   Muitas experiencias teem confirmado as beneficas qualidades das aguas, sendo aconselhadas pelo medico municipal o Dr. João Baptista de Sousa Liberto, e outros, para differentes padecimentos, com feliz resultado.
   O terreno em que brotam era particular, e as aguas estavam depositadas, e o terreno cultivado, sendo o Dr. Antonio Victor de Carvalho e Sousa, do logar de Villa do Conde, o primeiro que mandou fazer á sua custa a fonte que actualmente alli se acha com o fim de se aproveitar das aguas para o padecimento da gotta; no que tem achado grandes beneficios.
   Conhecendo, porém, a actual Camara Municipal a grande utilidade que aquellas aguas podem fazer ao publico, comprou em 2 de julho do corrente anno uma grande porção de terreno, e tenciona mandar fazer maior exploração das aguas, e as necessarias obras que condigam com a bondade d´ellas: e sendo dito pelo digno analysador o Dr. Agostinho Vicente Lourenço que o Vidago com aquellas aguas era o Vichy portuguez, espera esta camara que o Governo de S. M. a coadjuvará para fazer alli todas as commodidades necessarias para a saude publica, aproveitando-se uma riqueza ha tanto tempo ignorada.
   Para que se possa utlilizar d´estas vantagens o maior numero possível dos que padecem, deliberou esta Camara que se mandasse imprimir em folhetos o Relatorio d´analyse, e o Additamento, mandando-se alguns exemplares para a Exposição do Porto, e a todas as Camaras Municipaes do Reino.
   Deliberou mais a Camara que se nomeasse um homem, no logar de Vidago, que esteja incumbido de vigiar as aguas, lacrar, e marcar com um sêllo, para esse fim destinado, as garrafas que alli se encherem, declarando-se nos jornaes esta disposição, para o publico se utilizar d´essa ventagem, sem receio de que sejam adulteradas.

   Chaves, em Sessão de 14 de julho de 1865.


Francisco de Barros Teixeira Homem,
Presidente.

Antonio Vicente Ferreira Montalvão,
Vice-Presidente.

Francisco Vaz Monteiro,
Fiscal.

Luiz Antonio Alvares de Sousa.
Manoel Gomes de Moraes Sarmento.
Silvestre José Coelho.
Antonio José Pereira Coelho Junior.

Hoje ficamos por aqui, depois de termos recuado 146 anos.

Quero agradecer ao meu grande amigo Carlos Caria pelo facto de me ter emprestado este magnífico exemplar.

Um abraço e até breve...

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