sexta-feira, 6 de maio de 2011



Grandes Catástrofes


A história de uma qualquer terra é também feita de acontecimentos tristes e dramáticos. Quantas vezes é tão negativa e dura a marca que esses acontecimentos nos legam, que jamais os poderemos esquecer. A propósito da evocação do tempo, que porventura já  nos escapou há muito, associamos a essa recordação, invariavelmente, também a sina triste da catástrofe que flagelou, impiedosamente e num certo momento, a nossa família, as famílias dos nossos vizinhos e amigos, enfim, o povo da terra que consideramos nossa.


O incêndio no Salão Aurora

O Salão Aurora funcionou onde actualmente está construído o Edifício Campilho e terá sido edificado por Afonso Carvalho – pai de Aurorinha Seixas – em 1928. Documentos fotográficos de 1908, mostram que naquele lugar existiam ao tempo, três majestosos pinheiros mansos envoltos em terreno não agricultado, ladeando a velhinha Estrada Real.
O Salão Aurora era uma moderna casa de espectáculos para a época, onde se faziam teatros e bailes, sempre abrilhantados por grupos musicais da terra, que assim conferiam distracção e proporcionavam prazer aos turistas e, sobretudo, à população de Vidago. Na componente musical intervinha, invariavelmente, gente ligada à família Aguiar, onde, desde sempre, houve pessoas com vocação para a música. Nos últimos dias de  Maio de 1930 um grande incêndio consumiu, num ápice, o Salão Aurora. O célebre Dr. Moreno – médico residente, na altura – habitava no primeiro piso do prédio e possuía no rés-do-chão, o seu consultório que desapareceu, naturalmente, em consequência da grande catástrofe. Naquela época não existiam em Vidago bombeiros. As corporações dos soldados da paz de Chaves e também de Vila Real fizeram o que estava ao seu alcance. O cosmopolita Salão era reduzido a escombros e cinza, em pouco mais de meia hora. Chegou a temer-se que as chamas pudessem propagar-se ao Grande Hotel e também ao Hotel Chaves. Conta-se que, por milagre, os irmãos Lindalva, Afonso e António Seixas, não pereceram no incêndio que devorou todo o edifício. Ainda crianças, encontravam-se dentro de um cesto que os protegia e terão sido retirados à pressa do local do sinistro. Mais tarde e durante algumas décadas, as ruínas do Salão Aurora, dariam guarida a milhares de pombos galegos, que António Carvalho Seixas - filho de Aurorinha e de Antero Seixas – ali criava.


(Edifício do Salão Aurora, primeiro à direita)

in Memórias de Vidago - 2004
Floripo Salvador

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